Desenvolvedora: ACQUIRE
Publicadora: Nintendo
Gênero: RPG
Data de lançamento: 07 de novembro, 2024
Preço: R$ 299,00
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Nintendo.
Revisão: Marcos Vinícius
Nós estamos vivendo uma espécie de ressurgência dos RPGs do Mario. Depois de alguns anos com o bigodudo abandonando o gênero, a Nintendo decidiu anunciar e lançar, de uma vez só, remakes de Super Mario RPG e Paper Mario: The Thousand-Year Door. Agora, se essas foram ótimas recriações que fazem jús e superam aos jogos originais em todos os aspectos, elas também eram apenas isso: recriações. Nós ainda estávamos com uma escassez bem grande de NOVOS RPGs do Mario desde 2015, quando foi lançado Mario & Luigi: Paper Jam.
No entanto, dizer que Paper Jam foi um jogo ruim seria desonestidade de minha parte, mas dizer que ele é bom também não é exatamente verdade. Mario & Luigi: Paper Jam é uma experiência com a proposta bem interessante de reunir a série Mario & Luigi com Paper Mario, mas que acabou tendo uma execução digamos genérica e desinteressante. Mas vamos só dizer que não é um game muito bem amado por fãs de nenhuma das duas séries, combinado?
Mas é aí que Mario & Luigi: Brothership entra na história: finalmente, após quase 10 anos de espera temos uma nova experiencia de RPGs do Mario! Mas será que a espera valeu mesmo a pena?
Os irmãos Mario retornam à ativa!
Por se tratar de um JRPG, acho que nada mais justo do que começar falando sobre a história. Os irmãos Mario e Luigi estavam em mais um dia pacífico, com Luigi sendo perseguido por algumas abelhas e quase caindo de um precipício para a sua certeira morte (okay, talvez não fosse um dia tão pacífico assim). Por sorte, seu irmão estava lá para salvá-lo, e após fazer isso, misteriosamente a mão dos dois começa a emitir um brilho estranho.
Um portal então se abre no céu, mandando os habitantes do Reino Cogumelo para um lugar chamado Elétria. Mario e Luigi infelizmente acabam se separando, mas rapidamente se reunem e se vêem em um local chamado “Ilha Nauta”, uma ilha em formato de navio que navega pelos oceanos de Elétria.
Nesta ilha eles encontram Tetê, uma garotinha que é a responsável por nos explicar a situação precária que Elétria está passando no momento: aparentemente, o que antes era uma grande ilha interligada por vários fios que se encaixavam numa árvore acabou se separando, e a pequena Tetê quer encontrar uma forma de trazer tudo de volta ao normal. Para isso, ela pede ajuda aos irmãos Mario, prometendo mandar eles de volta para o Reino Cogumelo caso consigam reunir todas as ilhas, e assim começa mais uma grande aventura!
Eu tenho minhas críticas a história desse jogo. Eu acho que a base da narrativa inteira é muito boa: as circunstâncias, diálogos, mensagens e personagens são ótimos! A comédia que a série Mario & Luigi é famosa por ter está presente e no porto certo; a mensagem de “irmandade” e de se importar com o próximo é muito bonita e eu amo cada um dos personagens. Tetê por exemplo, rapidamente virou uma das minhas favoritas de toda a série facilmente com sua personalidade meiga e adorável.
Mas eu acho o ritmo que as coisas acontecem um pouco estranho. O começo é super acelerado, onde Mario e Luigi só entram no plot principal sem dar muito tempo pro jogador realmente se importar com o que está acontecendo. E depois disso eu diria que fica um pouquinho arrastado demais: as coisas só não acontecem, você vai indo de ilha em ilha, reconectando elas à Ilha Nauta… e isso não parece ter impacto nenhum na história ou personagens.
Essa parece ser uma crítica bem comum ao jogo, as primeiras 15 horas dele são bem arrastadas e repetitivas, com o jogador fazendo as mesmas coisas sem a história dar grandes avanços. Mas a segunda metade do jogo é excelente! Eu diria que o ponto onde a história dá um 180° completo e se torna uma das melhores da franquia é quando Bowser aparece pela primeira vez. Não vou dar muitos spoilers, mas daí pra frente a experiência muda completamente e se torna bem melhor.
Um desenho animado jogável!
É difícil de ignorar a apresentação do jogo. A série Mario & Luigi sempre se inspirou muito em desenhos animados para fazer seus visuais, e eu fico feliz em dizer que não só Brothership leva isso para outro nível, como ele é uma transição perfeita do estilo de arte da série para o 3D!
Os visuais são lindos, o estilo de arte mais “cartoon” da série junto com o cel shading realmente conseguem fazer algumas das vistas do jogo serem de tirar o fôlego. Os cenários são coloridos e vivos e nenhum local é desinteressante de se olhar!
Até por isso é uma pena dizer que o jogo peca na área técnica. Quedas de framerate são bem constantes — apesar de não muito notáveis — e o jogo tem uma óbvia dificuldade em processar tudo que tá acontecendo. Um dos maiores problemas que eu tive com o jogo foram de longe as telas de carregamento que acontecem antes e depois das batalhas: nos outros jogos da série essas telas tomavam de 1 até 2 segundos do seu tempo, sempre foi algo bem instantâneo.
Já em Mario & Luigi Brothership, eu tive batalhas que demoraram cerca de OITO SEGUNDOS para começar e depois mais 5 ou 6 para serem finalizadas. É difícil colocar em palavras o quão isso atrapalha no ritmo, mas acreditem, atrapalha a ponto que da metade pro fim do jogo eu estava evitando lutas com inimigos padrões a todo custo só por não passar por esses carregamento.
Claro, isoladamente, 8 segundos pode até não ser muita coisa, mas levem em consideração que isso é um RPG onde as lutas são um foco, então esses 8 segundos vão se acumulando e enchendo seu saco com o tempo.
Outro ponto de destaque é a trilha sonora, que na minha opinião é uma das melhores da série inteira! Infelizmente Yoko Shimomura, famosa por compôr as músicas de todos os outros jogos da série, dessa vez não retorna para o cargo.
No lugar dela temos Hideki Sakamoto, responsável pelas músicas da série Pokémon Mistery Dungeon e ele fez um excelente trabalho! As músicas de overworld são genuinamente lindas e as de batalhas conseguem ser tensas enquanto mantém um estilo mais “bobo” que um desenho animado teria: pessoalmente, meu tema favorito é o de Mini-Boss.
O poder da irmandade!
A gameplay de Mario & Luigi Brothership é, em sua essência, a mesma dos jogos anteriores da série. Aqui você controla tanto Mario quanto Luigi enquanto explora mundos, faz platforming e luta contra inimigos, com a grande diferença sendo que agora o pulo de Luigi é automático. Essa é uma mudança que pode desagradar alguns (inclusive, me desagradou quando comecei a jogar), mas que com o tempo eu fui me acostumando e virou algo bem positivo numas sessões de plataforma mais complicadas.
No entanto, o grande destaque do jogo vem com seu sistema de batalha, os Action Commands que os RPGs do Mario são famosos por ter retornam, mas do próprio jeitinho que a série Mario & Luigi tem: cada irmão é controlado por um botão, Mario no “A” e Luigi no “B” e as batalhas são meio que em tempo real.
Você pode desviar e refletir os ataques dos inimigos, seja pulando em cima da cabeça deles ou rebatendo algum projétil com seu martelo. Além disso, os ataques tem combinações de botões que se utilizam muito bem tanto de Mario quanto de Luigi, com um destaque especial para os “Ataques Bros.”, que servem como os ataques especiais desse jogo e são todos bem divertidos e satisfatórios de se executar com perfeição.
A principal nova mecânica aqui são as “Luigideias”. Em algumas lutas, o Luigi irá usar toda sua inteligência para ter uma nova ideia de ataque, geralmente se utilizando do cenário. Esses ataques são super criativos e divertidos, e dão um impacto a mais para as batalhas de chefe. É bem divertido olhar o cenário por conta própria e tentar desvendar que ideia brilhante o Luigi vai ter durante a luta.
Também tem um sistema de “Tomadas”, que você pode ligar e trocar no meio das batalhas para ter efeitos especiais, seja dar aspecto de fogo ou gelo para seus pulos e marteladas padrão, até mesmo facilitar o uso dos Ataques Bros. Parece bem bestinha, mas é algo que dá uma pitadinha a mais de estratégia pra cada luta, tendo em vista que o uso dessas tomadas é limitada e o tempo de recarga para elas costuma ser bem alto.
O retorno triunfal de Mario & Luigi!
Enquanto Mario & Luigi: Brotherhood não é nem de longe o melhor jogo da série, ele é um título bem sólido que trás esperança de reviver uma das franquias mais amadas que Mario tem a oferecer. Todo o charme do resto da série está intacto, com algumas mudanças feitas para tentar evoluir a fórmula, mas um começo de aventura arrastado e os mencionados problemas técnicos diminuem bastante a impressão geral que o jogo me deu. É um jogo bem simples de se recomendar para quem já é fã de Mario & Luigi, mas para novatos talvez um dos títulos anteriores seja mais agradável.
Prós:
- O sistema de batalha é divertido e dinâmico;
- História bonita;
- Belos graficos;
- Trilha sonora excelente;
- Localizado em PT-BR.
Contras:
- O jogo é bastante arrastado do começo pra a metade, além de ser repetitivo;
- As telas de carregamento são longas demais.