
Desenvolvedora: Crystal Dynamics, Aspyr
Publicadora: Aspyr
Gênero: Ação e aventura, Coletânea
Data de lançamento: 10 de dezembro, 2024
Preço: R$ 159,95
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Aspyr.
Revisão: Marcos Vinícius
Continuação de Blood Omen: Legacy of Kain, Legacy of Kain: Soul Reaver se passa após a conquista do trono do reino de Nosgoth, pelo poderoso vampiro Kain. Para a consolidação de seu poder, Kain se cerca de leais generais transformados por ele em vampiros.
Cada um de seus filhos criam seus próprios clãs e lutam contra aqueles que enxergam neles uma ameaça. Certo dia, porém, Raziel, primogênito de Kain, chegou a uma nova etapa na cadeia evolutiva antes de seu mestre, desenvolvendo asas. Movido pela inveja e vaidade, Kain as destrói e delega a Raziel o mesmo destino de inimigos e traidores: o sofrimento eterno.
Séculos depois, Raziel desperta sob uma nova forma. Sua sede por sangue é substituída por almas. E agora ele pode transitar entre o plano material e espectral. É o início de uma jornada de vingança. No caminho, Raziel irá enfrentar criaturas nos dois planos, além dos seus irmãos, até a derradeira batalha contra Kain. Conforme avançamos, nosso personagem ganhará novas e úteis habilidades, e fará uso de uma versão espectral da lendária espada que dá nome ao jogo: a Soul Reaver.
O jogo, principalmente no primeiro título, salvo as batalhas contra os inimigos, se centra na resolução de puzzles, que brincam com as mudanças de plano para a sua resolução. Conforme ganhamos novos poderes, somos instigados a voltar para áreas antes inacessíveis para descobrir segredos e novos caminhos.
Um clássico renasce

Passados vinte e cinco anos desde Legacy of Kain: Soul Rever, a clássica IP da antiga Eidos (e agora Crystal Dynamics) — criadora de Tomb Raider — renasce nos braços da Aspyr, numa remasterização que contém os dois jogos que acompanham a jornada de vingança e descoberta de Raziel. Legacy of Kain: Soul Reaver 1&2 Remastered é interessante por ressuscitar a franquia que foi deixada de lado, no tempo que estava nas mãos da Square Enix.
O lançamento dos dois jogos em simultâneo se justifica por conta das histórias que se complementam. Além dos jogos, a remasterização traz conteúdos adicionais, como vídeos dos bastidores, textos com a lore do jogo, artes conceituais e áreas jogáveis que ficaram de fora dos títulos originais. Essas áreas (Lost Levels) estão desconectadas do resto do jogo e não foram remasterizadas no entanto. De toda forma, a sensação que ficou, ao jogar o título é de que falta algo.
Bater na tecla de preservação dos jogos e a possibilidade de apresentá-lo para uma nova leva de jogadores pode até ser algo pertinente, mas não sustenta por si só o lançamento de um ícone dos jogos de ação e aventura, de final dos anos 90 e início dos anos 2000, sem grandes novidades. Isso é injusto com os fãs e com o tamanho do jogo. A remasterização emula em escala 1:1 os dois jogos com um pequeno tapa no visual (personagens e cenários). Mecanicamente, porém, não houve atualização. No máximo, a possibilidade de controlar a câmera com o analógico direito. Isso causa no jogador a sensação de estar experimentado algo datado, porque a experiência é exatamente a mesma de mais de vinte anos atrás.
Os problemas da remasterização
Para todos os efeitos, como dito, os jogos de Soul Reaver são exatamente os mesmos dos títulos lançados em 1999 e 2001, respectivamente. As melhorias visuais, apesar de tímidas, ajudam a manter vívida aquela lembrança de beleza técnica e visual dos dois jogos. Achava lindo, na época, mas o resultado da remasterização está aquém do trabalho visto em outros jogos, como Crash Bandicoot N SaneTrilogy, Alex Kidd in Miracle World DX e Halo: Combat Evolved Anniversary; podemos transitar entre os visuais clássico e remasterizado a qualquer momento com o apertar de um botão. Há também um modo fotografia, ao apertar os dois analógicos dos joycon. A versão do Switch, no entanto, possui alguns problemas.
Os cenários do jogo, por conta da temática gótica, são propositalmente escuros. No entanto, há algum tipo de glitch que deixam os ambientes ainda mais escuros (vide imagem abaixo). Mesmo colocando o brilho da TV no máximo, não conseguia enxergar os elementos na tela. Jogando no modo portátil a experiência se torna impossível. E não há no menu do jogo a possibilidade de diminuir ou aumentar o brilho e o contraste.

Convém mencionar que esse bug só acontece no plano material do primeiro jogo. Quando passamos para o plano espectral a imagem estabiliza. Eu até iniciei um novo save para ver se o problema resolvia. E resolveu por um tempo, até que apareceu novamente. Com o tempo, descobri que ficar alternando entre os visuais clássico e remasterizado abrandam o problema.
Também tive problema do jogo dar erro e fechar sozinho, me fazendo perder o progresso. E isso não seria um problema se a Aspyr colocasse a opção de save state nativamente, como geralmente há em emulações. Mas, os menus do jogo, quando iniciados, são exatamente os mesmos de sua versão original. Então, a forma como salvamos o nosso progresso, inexplicavelmente, é o mesmo de duas décadas atrás.
Não houve também refino nos controles. O tempo de resposta conta com o mesmo input lag dos originais e irritam nos momentos de plataforma. Enfim, não houve uma preocupação em atualizar de forma devida os jogos. Não precisava, é claro, reformular todo o jogo, pois não se trata de um remake. Mas, a impressão que fica é que a remasterização foi feita sem muito esmero. Se tivessem lançado os jogos originais de forma separada, sem nenhuma melhoria, a um preço mais convidativo, seria mais justo e agradaria os fãs da mesma forma.


A cereja do bolo de Legacy of Kain: Soul Reaver 1&2 Remastered está na ausência de localização para o nosso idioma. E isso é frustrante demais, porque Soul Reaver foi o primeiro jogo que joguei dublado e legendado em português, há mais de vinte anos. Apesar de “canastrona” era incrível explorar o reino de Nosgoth e compreender toda a nuance de sua história. O segundo jogo, em específico, aprofunda ainda mais a história da série, com várias linhas de diálogo. É, no mínimo, uma lástima a ausência. Ao que parece o trabalho de localização, específica da versão de PC, foi um trabalho paralelo da empresa que distribuiu o jogo no nosso país, na época. Uma pena!
Resgate necessário de um clássico cult, mas esperava mais
Muitos fãs estão apostando suas fichas que Legacy of Kain: Soul Reaver 1&2 Remastered é um teste para ver a aceitação do título (que foi esquecido após Legacy of Kain: Defiance), para quem sabe – de fato – renascer a luz de um novo título. Meu ceticismo não me permite voar tão alto.
Vejo nessa remasterização um título caça-níquel que explora, sem muito esforço, a nostalgia dos fãs dos jogos originais. Apesar de toda frustração aqui apresentada, os dois jogos são excelentes. Se você não conhece, pode jogar sem medo. Especialmente, o primeiro. O foco aqui, no entanto, é o peso e relevância dessa coletânea, não dos jogos em si. E, nesse sentido, posso afirmar com todas as letras que esperava mais.
Prós
- A maneira mais atual de experimentar dois excelentes clássicos;
- Inclui algumas firulas como artes conceituais, vídeos de bastidores, etc.;
- Resgata conteúdo cortado.
Contras:
- Remasterização com poucas melhorias;
- Falta de Save State;
- Bugs inconvenientes;
- Ausência de localização.
Nota Final:
7
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