
Desenvolvedora: Adglobe, Live Wire
Publicadora: Binary Haze Interactive
Gênero: Metroidvania
Data de lançamento: 22 de janeiro de 2025
Preço: R$ 149,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Binary Haze Interactive.
Revisão: Davi Sousa
Quando lançado, em 2021, ENDER LILIES: Quietus of the Knights surpreendeu a todos com uma qualidade técnica, visual e história primorosa. Quatro anos depois, ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist nos convida a entrar novamente naquele mundo e eleva, de forma magistral, tudo que foi construído em seu antecessor.
Muitos anos se passaram desde que a sacerdotisa branca do Povo Antigo se sacrificou para colocar um ponto final na maldição do País do Fim. Para ajudar a reerguer o mundo corrompido, os seres humanos, fazendo uso de magia e tecnologia, criam seres sintéticos conhecidos como homúnculos. Porém, a corrupção, nascida do ódio, é cria dos corações das pessoas, e uma nova chuva da morte começa a cair.
Os sarcomas que surgem nas pessoas dão um poder de regeneração sobrenatural ao contaminado às custas de sua sanidade — só que a corrupção não atinge somente os humanos, mas também os homúnculos. E uma nova onda de destruição tem início.
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Os sintonizadores
Os sintonizadores são herdeiros dos poderes das antigas sacerdotisas, e alguns conseguem eliminar os efeitos da corrupção dos homúnculos. Em ENDER MAGNOLIA, controlamos Lilac, que desperta, sem memória, no País dos Vapores, um mundo segregado pelas mazelas da corrupção. Lilac parte numa missão para salvar o mundo e recuperar suas memórias; para tal, conta com a ajuda de homúnculos que liberta da maldição da corrupção.

Assim como seu antecessor, a história de Bloom in the Mist é contada de forma fragmentada e paulatina. Cabe ao jogador desvendar, pouco a pouco, o quebra-cabeça. Cada homúnculo que salvamos desbloqueia uma nova memória que é compartilhada com Lilac. Além das memórias dos homúnculos, encontramos pelo caminho mensagens e várias anotações que nos situam vagamente pela lore do jogo. ENDER MAGNOLIA amplia a narrativa do primeiro jogo ao abordar assuntos como a ideia de “vida” e estratificação social.
Seriam os homúnculos menos importantes por serem seres sintéticos? É justo ignorar a parcela de culpa dos humanos em seu comportamento agressivo? É justo algumas pessoas viverem no setor inferior do País dos Vapores? Apesar da simplicidade dos textos e linhas de diálogos, são questionamentos válidos, que enriquecem a história e instigam ainda mais a nossa curiosidade sobre o seu desfecho. É uma complexidade narrativa que dificilmente vemos em metroidvanias.
Um convite à exploração

O mapa de ENDER MAGNOLIA é deliciosamente grande e parece nos convidar para a exploração. Assim como seu antecessor, áreas que ainda não foram totalmente exploradas são pintadas de forma diferente, indicando que existe algo ali que deixamos passar. Dessa forma, as idas e vindas pelo mundo labiríntico do jogo, além de divertidas e nem um pouco maçantes, são precisas. Deixar algo para trás é uma decisão exclusiva do jogador: você pode até avançar, mas vai deixar algum item útil para trás.
Temos ao todo dezenove áreas para explorar. A identidade visual de cada lugar é primorosa e única, facilitando o backtracking, pois sabemos exatamente onde estamos e para onde temos que ir, sem a necessidade de um indicador no mapa para isso. A trilha sonora acompanha essa identidade visual: a gente consegue saber exatamente onde estamos pela melodia que está tocando. Não preciso nem dizer, portanto, que, assim como ENDER LILIES, as composições de Bloom in the Mist são incríveis. É daquelas OSTs que dá tranquilamente para fazer uma playlist para escutar no celular.

O visual do jogo, desenhado a mão, é outro show à parte. A preocupação com os detalhes é algo que salta à vista. Há uma variedade grande de inimigos, NPCs e cada homúnculo que nos acompanha em nossa jornada. Seja quando estamos parados ou sentados em um banco de descanso, os homúnculos aparecem à nossa volta, como se estivessem prontos para proteger Lilac. A interação com os NPCs é um diferencial em comparação com o outro jogo. A jornada de Lily era, de certa forma, solitária; em ENDER MAGNOLIA, apesar de todos os problemas, não nos sentimos solitários.
O poder dos homúnculos

Lilac pode ser uma sintonizadora, mas não é uma combatente. Se em ENDER LILIES eram os espíritos purificados dos guerreiros que defendiam a sacerdotisa branca, em ENDER MAGNOLIA são os homúnculos purificados que assumem esse papel. Ao longo de toda a nossa jornada, recrutamos dez homúnculos para nos auxiliar em nossa missão. A principal é Nola, uma homúnculo de combate que pode fazer uso de três habilidades com armas diferentes: espada, foice e machado.
Na verdade, cada homúnculo possui até três habilidades de ataque diferentes que podem ser desbloqueadas conforme avançamos no jogo. Em Bloom in the Mist, podemos equipar as habilidades de até quatro homúnculos. Essas habilidades podem ser de repetição, automática ou de recarga. Isso quer dizer que a forma como nos aventuramos pelo País dos Vapores é única, pois cada jogador pode se afeiçoar a certo tipo de habilidade para ultrapassar certos perigos.

Além das habilidades dos homúnculos, contamos com Equipamentos (escudos, braceletes e apoios) e Relíquias, que melhoram nossos atributos (PV, ataque, defesa, etc) e habilidades passivas. Alterar o nosso setup só é possível nos pontos de descanso e, como em todo bom metroidvania, novas habilidades permanentes vão sendo aprendidas por Lilac, como pulos duplos, nadar, dash e por aí vai. O combate segue um esquema parecido com os soulslikes, centrado em esquivas, parry, bloqueios e ataques, mas sem a dificuldade exagerada dos jogos do subgênero.
Bonito, divertido e desafiador
ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist amplia muito do que foi visto em seu antecessor. É bonito, divertido e desafiador na medida certa. Em termos de gameplay, ele segue um esquema de escalada de torre. Devemos rumar do setor inferior, passando do central ao superior. Na minha opinião, ele se arrasta um pouco mais do que deveria no que se propõe, narrativamente. Tecnicamente, é um jogo impecável que performa bem no Switch, seja na dock ou no modo portátil. É um dos melhores — se não o melhor — lançamento do ano até agora.
Pros:
- Visual e trilha sonora incríveis;
- História engajante;
- Exploração divertida;
- Desafio na medida certa;
- Disponível em português;
- Performance impecável no Switch.
Contras:
- Dura um pouco mais do que deveria.
Nota
10
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