Desenvolvedora:
Publicadora:
lançamento:
Preço:
Formato:
Gênero:
Plataformas:
Capcom
Capcom
05 de junho, 2025
R$ 191,00
Físico (Game-Key Card)/Digital
Luta
Nintendo Switch 2, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, PC, Arcade
Desenvolvedora: Capcom
Publicadora: Capcom
Gênero: Luta
Data de lançamento: 05 de junho, 2025
Preço: R$ 191,00
Formato: Físico (Game-Key Card)/Digital
Plataformas: Nintendo Switch 2, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, PC, Arcade
Análise feita no Nintendo Switch 2 com cópia adquirida pelo redator.
Revisão: Lucas Barreto
Toda vez que um grande jogo de empresas terceiras era anunciado para o Nintendo Switch, o que os donos do console recebiam era um port que fazia enormes concessões visuais para rodar no pequeno híbrido. Nesse sentido, texturas eram cortadas, haviam problemas com iluminação e draw distance, resolução e framerate baixos, e até mesmo alguns modos de jogos eram deixados de fora. Felizmente, com a chegada do Nintendo Switch 2, esses dias parecem terem ficado para trás.
Prova disso é Street Fighter 6. Lançado para PC e consoles em 2023, o jogo encabeçou uma pomposa lista de títulos que saíram junto com o novo console da Nintendo, em junho deste ano. Desde o Super Nintendo, um console de mesa da gigante japonesa não recebia um título mainline da maior e mais influente franquia de jogos de luta de todos os tempos. E a Capcom conseguiu entregar um excelente port que, por mais que ainda faça algumas concessões, surpreende positivamente.
Polêmica e performance

O ponto mais polêmico, envolvendo a versão do Nintendo Switch 2 de Street Fighter 6, gira em torno de sua mídia física. Sem querer me aprofundar muito nesse tema, até porque já falamos sobre o assunto por aqui, a Capcom optou por lançar o jogo via game-key card. Em resumo, o cartuchinho guarda apenas uma chave para ativação do conteúdo que precisa ser baixado para o console direto da eShop.
Tecnicamente, SF6 faz uso do poder da tecnologia DLSS, da NVIDIA, que usa inteligência artificial para fazer upscale na resolução, seja na dock (1080p) ou no modo portátil (720p). É uma resolução menor do que a vista no Xbox Series X e PlayStation 5, mas é algo totalmente compreensível. Como dito, algumas concessões foram feitas e a resolução mais baixa é uma delas.
Há ainda oclusão de ambientes, elementos de cenário que foram cortados e limitações quanto a profundidade de campo. Mas, de novo, nada que comprometa a experiência. É como se o jogo rodasse sempre no modo “performance”, ao invés do “qualidade”. Nos principais modos (Arcade, Versus, Online), ele roda a constantes 60fps. A única exceção é o World Tour, a campanha de SF6.
World Tour

World Tour, na verdade, é a grande novidade aqui. Uma tentativa da Capcom entregar um modo história que consiga, minimamente, prender a atenção dos jogadores. O gameplay lembra bastante a reformulação vista na série Yakuza, em Like a Dragon. Apresentando elementos de RPG, um mundo semi aberto e, obviamente, briga de rua. Aqui somos um aprendiz de Luke — o personagem que assume o “pseudo protagonismo” da franquia no título anterior — e temos até um rival: Bosch.
Nesse modo, precisamos explorar as ruas de Metro City (da série Final Fight) para melhorar nossas habilidades, arrumando briga com absolutamente qualquer pessoa que encontramos pela frente. Quase todos os NPCs podem ser desafiados para uma luta. Você está andando pela rua, vê uma velhinha de bengala, chama ela para o “fight” e ela simplesmente aceita o duelo. Vencendo ganhamos pontos de experiência que nos permitem desbloquear novas habilidades.
Conforme avançamos pela história, que gira em torno do sumiço de Bosch, outros personagens de Street Fighter dão as caras, permitindo que aprendamos suas técnicas. Assim, nosso personagem pode aprender desde um Hadouken até um Sonic Boom. Apesar da premissa parecer interessante e possuir, de fato, boas ideias, a história não é envolvente, os desafios são simples e não há muito o que se fazer, tornando o looping de gameplay enjoativo rapidamente.
Fighting Ground

O World Tour mira num público mais casual ou que (por estar preso numa caverna nos últimos 30 anos) nunca teve contato com os jogos da franquia. Ele é uma porta de entrada para esse mundo, apresentando todas as mecânicas e golpes, como um grande tutorial, envolto a uma narrativa bobinha de pano de fundo. Ainda existe o Battle Hub, onde podemos utilizar o avatar criado no WT para interagir com outros jogadores online, desafiá-los para uma luta, ou aproveitar jogos clássicos (Street Fighter, Final Fight etc) nas máquinas de arcade do Game Center. Mas, onde SF6 brilha, de fato, é no Fighting Ground.
Todos os modos de luta que interessam estão no Fighting Ground: Arcade, Prática, Versus, Partida Especial, Sem fio local e Online. Apesar de quase todos esses modos serem auto-explicativos, queria chamar a atenção para o modo Partida Especial, onde devemos enfrentar lutas contra o CPU com certas condições específicas para vencer os desafios. Esse modo ganhou ainda um submodo (na verdade, um minigame) exclusivo para o Nintendo Switch 2, que faz uso dos joycon: o “Briga de Calorias”. Outra novidade exclusiva do console da Nintendo, e que faz uso dos controles de movimento, é o submodo “Giro-Combate”, presente no Versus.
Modos História e Online
A história dos personagens é contada através do modo Arcade. A escalada até o chefe final pode ser configurada para cinco ou doze partidas. A dificuldade possui um nivelamento que vai do “Mais Fácil” a “Especialista”. A narrativa, infelizmente, é abordada através de imagens estáticas que se encarregam de nos situar pelo lore de cada personagem escolhido. Aventurar-se não só pelo modo Arcade, mas pelos outros modos de jogo e cumprir desafios, desbloqueia recompensas como pôsteres, músicas e artes conceituais na galeria. Conteúdo é o que não falta em SF6.

O Modo Online nos permite jogar partidas casuais ou ranqueadas. Nessa última, enfrentamos uma série de lutas para definir o rank e a pontuação inicial. Do mais baixo para o mais alto temos o Rookie, Iron, Bronze, Silver, Gold, Platinum, Diamond e Master. Até o nível Gold não existe a possibilidade de cair de rank, mas ao chegar no Platinum há a possibilidade de queda. Eu estava muito receoso com as partidas online. Isso porque, Mortal Kombat 11, Super Smash Bros Ultimate e Splatoon 3, para citar alguns, apresentam problemas de conexão.
Felizmente, tudo funciona perfeitamente bem em SF6. O jogo faz uso de rollback netcode para as partidas online, diminuindo o lag e atrasos que, geralmente, ocorrem por conta de uma conexão com ping ruim. Toda minha experiência online com o Nintendo Switch 2 foi usando a rede wi-fi e não presenciei qualquer tipo de problema mais sério. O único porém é que é difícil encontrar jogadores do Nintendo Switch em partidas online. Mas, como há crossplay, isso está longe de ser um problema. Só mesmo uma observação.
Novos controles e Super Arts
Os controles de Street Fighter 6 trouxeram novidades. Houve uma simplificação dos comandos de golpes e combos, batizado pela Capcom de “controle moderno”. Uma tentativa de tornar a experiência de Street atrativa a novos jogadores. Há também a possibilidade de usar “controles dinâmicos”, em que se pode configurar golpes especiais e Super Arts em apenas um botão. Porém, se optar por jogar dessa forma, o dano causado ao oponente é menor do que o causado por aqueles que usam o “controle clássico”. Particularmente, não consegui me acostumar com essas novidades e optei por jogar com os controles clássicos que já estava habituado.

Por mais que seja maravilhoso jogar de forma portátil, particularmente não recomendo. Não por questão de performance ou qualquer coisa do tipo, mas sim porque é quase impossível jogar de forma competitiva usando os joycon. O ideal é você ter o pro-controller ou outra controle mais tradicional para poder usufruir bem todas as mecânicas presentes no jogo. Agora, se você pretende jogar tudo offline, da forma mais casual possível, usando inclusive a opção de “controles dinâmicos” para brincar em modos como o World Tour, aí não precisa se incomodar com isso.
Cada personagem possui três especiais, chamados aqui de Super Arts. O mais fraco consome uma barra, o mediano consome duas barras e o mais poderoso consome três barras. O especial nível três, inclusive, fica ainda mais poderoso quando a barra de vida do nosso personagem está baixa, no amarelo (Critical Arts). Uma excelente oportunidade para virar aquela partida que parecia perdida. A barra de Super Arts é separada da barra de golpes especiais mais potentes (Overdrive Special ou especiais EX), chamada de Drive.
A Barra de Drive

A Barra de Drive é uma barra verde e amarela que contém seis espaços e que diminui não só quando as utilizamos, mas também quando somos golpeados. Porém, recupera-se sozinha quando não somos golpeados ou quando golpeamos o adversário. Além dos especiais EX, podemos utilizar a barra de Drive para outras técnicas como o Drive Impact — que deixa o adversário vulnerável por um curto período de tempo; Drive Rush — que permite uma aproximação rápida do nosso adversário e encurta golpes para aumentar os combos; e o Drive Reversal — que anula golpes e especiais.
Quando a Barra de Drive é esvaziada completamente, entramos em Burnout. Nossa defesa fica enfraquecida e, obviamente, não podemos usar qualquer golpe que faça uso dela. Se formos golpeados, por exemplo, no canto da tela com um Drive Impact do adversário, estando em Burnout, a gente entra em Stun. Ou seja, ficamos atordoados e completamente vulneráveis aos golpes dos adversários. Em suma, a barra de Drive oferece um leque gigante de estratégias durante as lutas. E a forma como cada jogador faz uso dela torna a experiência única. Isso quer dizer que a forma como eu jogo com Guile ou Ken será diferente da forma como outra pessoa joga com eles.
Personagens, cenários e trilha sonora
Entre novatos e veteranos, há uma boa variedade de personagens. São dezoito personagens iniciais e desses, sete estão dando as caras na franquia pela primeira vez. O passe de personagem pago, além de incluir novos personagens, ainda adicionou parcerias inusitadas, como a presença de Terry Bogard e Mai Shiranui, de Fatal Fury, da SNK. Salvo um ou outro desnivelamento — como o excesso de dano causado por Zangief — no geral, os atributos de cada personagem são bem equilibrados. Permitindo que a gente escolha, do honesto rol de lutadores, aquele que melhor se encaixa na nossa forma de jogar.

Os cenários, apesar de variados, não são tão inventivos e memoráveis. Os mais interessantes, como o Porta-Avião Byron Taylor, a Cabana do Guarda e o Templo de Genbu, apenas recriam arenas das quais os fãs mais antigos da série já estão acostumados (no caso, os estágios de Guile, Blanka e Ryu, respectivamente). Um dos maiores deméritos de SF6, na minha opinião, é a sua trilha sonora. Não chega a ser ruim, longe disso. São batidas eletrônicas que tentam casar com a vibe “rapper” e de “cultura das ruas” do jogo, mas que em comparação às excelentes composições vistas nos títulos anteriores, deixam a desejar e não “grudam” na nossa cabeça.
No que se refere ao leque de personagens, cenários e composições, portanto, é seguro dizer que SF6 faz um “feijão com arroz”. Mas, faltou aquela mistura e o tempero que dá o sabor. O novo vilão, JP, por exemplo, não tem um décimo de presença e carisma de M. Bison. Luke, apesar de não ser novidade na franquia, não consegue carregar o protagonismo do jogo, tal qual Ryu e Ken. Tanto é que personagens clássicos, como Sagat, Akuma, Elena e o próprio Bison foram adicionados posteriormente via conteúdo pago. E outros estão chegando. Uma pena que os passes que adicionam novos personagens e cenários sejam tão caros.
Um port extremamente competente
Há uns dois anos eu reclamava, num texto que redigi sobre a franquia Street Fighter — no hype do lançamento do novo jogo — a ausência de Street Fighter 4 (e seus derivados) no Nintendo Switch. Ora, ora, o jogo mudou, não? A galera que curte jogos de luta pode comemorar, porque está muito bem servida. A versão de Street Fighter 6 do Nintendo Switch 2 é extremamente competente e tem tudo que fez do jogo um sucesso no PC e demais consoles. Chegou com um pouco de atraso, é verdade, mas é animador pensar num futuro onde jogos de peso como esse possam chegar de forma simultânea no console da Nintendo.
Prós:
- Muitos modos de jogo;
- Controles acessíveis;
- Online impecável;
- Boa perfomance;
- Novas mecânicas de luta.
Contras:
- Trilha sonora pouco memorável;
- Modo campanha enjoativo.
Nota
9
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